terça-feira, 26 de abril de 2011

Na tempestade

Suponho que a nossa maior preocupação será, agora, o que vai ser dos açorianos, face às actuais reviravoltas políticas. Temos um chefe de governo no auge da experiência política e com vasto relacionamento com o poder central e um governo na mesma situação, pelo que não estamos fragilizados quanto às pessoas. Em relação à crise financeira privada e aí não há autonomia que nos valha, esperaremos pela pancada que será, presumo, igual para todos. Sabida como é a dependência do nosso tecido empresarial da banca, é de supor que será esta a ditar o ritmo, e pela montra, há que rezar muito a Santa Europa para que a trate bem e não nos consuma, livrando-nos dos nossos inimigos, entre os quais não tenho a certeza se o FMI se conta. Talvez que sim. Postas as coisas neste pé, estarão bem os que nada devam (ou pouco) e o mal de muitos é por vezes o bem de outros. Em 1977, Mota Amaral tinha um ano de experiência governativa. Safou-se e bem, apesar da tormenta. Em 83, levava 7 anos de governação… O actual governo é apanhado com muito mais experiência governativa e com eleições regionais só para o ano que vem. Veremos como sairá da tempestade e tudo vai depender do tamanho das ondas, da força dos ventos e da robustez da embarcação que construíram. E nós, os mortais eleitores, como deveríamos comportar-nos? Como são eleições nacionais, certamente que o incauto local irá votar a favor deste e contra aquele ou no eleito do seu coração, dependendo de ser ou racionalista ou crente. Àqueles que não têm fixações obtusas caberá o desempate, de acordo com o interesse colectivo açórico e mais nada. Isto se obviamente não for dado por quem de direito o brado de Pátria em perigo, caso em que teremos de ser todos por um e um por todos. Até às eleições, há que estudar e meditar para tomarmos sozinhos a decisão correcta de levar o barco a bom porto.
Carlos Melo Bento
2001

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