domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os utópicos

Monsenhor Weber Machado é um matemático e sacerdote católico, e, se não me engano, homem de esquerda moderada. No tempo do Estado Novo quando a Igreja tradicional era um dos esteios do conservadorismo dominante, alinhou com aqueles que saudavelmente se preocupavam com os desfavorecidos, e lutou pela mudança que sempre desejou com as reticências próprias de quem defende os valores cristãos mesmo na mudança. Agora, a propósito das compensações que a Administração César deu à classe média açoriana, veio de novo à ribalta para discordar, chamando à colação os que ganham menos que os compensados, naturalmente dando um paternal puxão de orelhas ao governo gerado pelas antigas lutas em que militou, julgo que no grupo do saudoso Júlio Quintino, Melo Antunes etc. Como penso à direita, não consigo chegar às mesmas conclusões. Obviamente que a defesa dos mais desprotegidos não está em causa. Esse é um imperativo dos nossos tempos, conquista da civilização de que só por absurdo se pode discordar. Mas a questão é outra: como se consegue ajudar os desprotegidos? Dividindo a riqueza existente por eles ou produzindo mais riqueza para poder ser distribuída por eles? Thatcher disse que socialismo é dividir por todos a riqueza dos outros enquanto ela dura. E depois? César percebeu que a utopia socialista só perdurará se for auto sustentável. Daí que tenha ido buscar à direita a fórmula de apoiar a classe média, a única que pode gerar riqueza e sem a qual o socialismo se torna na miséria em que os falecidos soviéticos a tornaram. Franco percebeu-o (Salazar não, daí o que somos hoje, órfãos políticos duma direita sem objectivos para além do poder pessoal). Mas, infelizmente, nenhum percebeu a lição da História. Em Viseu, retiraram da parede da escola a frase de Salazar: “A escola é a sagrada oficina das almas”. Bem bom que não foi ele a descobrir a lei da relatividade!
Carlos Melo Bento
2011-02-01

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