terça-feira, 30 de junho de 2009

Máscaras

As europeias foram intrigantes. Dois deputados desunham-se a trabalhar no nosso interesse, com afinco, projecção e aparente dignidade. São afastados por razões nunca explicadas, como certamente deveriam ter sido. A opinião pública, em democracia, não pode nem deve ser tratada com a indiferença e o desprezo das ditaduras. Sem círculo eleitoral, ainda assim contemplaram-nos com dois deputados, por ora politicamente inócuos e desconhecidos que partem do zero. Num arquipélago em que praticamente tudo o que de grandioso e bom aqui foi realizado, em todos os sectores, se deve ao dinheiro e à intervenção da Europa, é chocante que apenas 20 por cento dos eleitores tenha consciência disso. Depois, que esses 20 por cento se tenha preocupado mais com os sportings e benficas da política do que com o que aqui realmente acontece, faz pensar que os autonomistas falharam na sua missão de fortalecer o espírito autonómico nos destinatários da política açórica que parecem viver lunaticamente fora daqui. Não tivemos Freeports, nem Loureiros nem pressões políticas sobre os tribunais, nem dinheiros do Estado em offshores, nem a bandalheira autárquica de outros azimutes. Falhou ainda a comunicação social, televisão à cabeça, alheadas do essencial, arrastando-se pelo folclore e pelo fútil. Pode o resultado ter favorecido uma das partes. Mas isso é, por enquanto, ricochete sem significado real. Importa vislumbrar para além das máscaras, os verdadeiros actores e sua real valia. As próximas são a valer e a doer.
Carlos Melo Bento
2009-06-09

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