quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gratidão


Qualquer que tenha sido o motivo de deixarem os órgãos supremos da autonomia açoriana, os que agora saem e exerceram os respectivos cargos com desinteresse material e sacrifício das suas vidas profissionais e familiares só merecem dos açorianos profunda gratidão. Terão acertado, terão errado nas decisões que tomaram, nos planos e opções que em nosso nome adoptaram, não importa tanto como o facto de terem aceite agir em nosso nome por idealismo, por espírito de servir, por ambição de marcar a história com a sua inteligência e acção, por tudo isso temos de ficar-lhes gratos. Não há pior regime do que aquele que é exercido por mercenários sem ideal que não seja encher as barrigas, empregar os filhos e conseguir reforma que lhes garanta um fim de vida sem problemas. E os que saem sem fazerem isso, têm o benefício da dúvida se mais não houver para provar que ali estiveram ao nosso serviço que não do deles próprios. Certamente que alguns não compreenderão porque motivo os seus serviços deixaram de ser necessários, úteis ou oportunos mas esse juízo não lhes compete fazê-lo. Churchill na glória máxima da vitória sobre o Eixo, perdeu as eleições. A mulher para o consolar insinuou que talvez fosse uma graça de Deus. O “Leão inglês”, respondeu: - “Se é, está bem escondida”. Talvez sim e talvez não, o que não pode é ter-se a reacção de Salazar quando viu a grande manifestação a favor de Delgado:- “Ingratos!”. Quem serve não espera gratidão; ou a merece ou não.
Carlos Melo Bento
2008-11-18

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